segunda-feira, 25 de abril de 2011

Caeiro





"Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...

Se falo na natureza não é porque saiba o que ela é,

mas porque a amo, e amo-a por isso,

porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe porque ama, nem o que é amar"



"...Os potas místicos são filósofos doentes,/ E os filósofos

são homens doidos..."


"Pensar em Deus é desobedecer a Deus,

Porque Deus quis que o não conhecêssemos,

Por isso se nos não mostrou..."







sexta-feira, 15 de abril de 2011

frases soltas ao vento


Veloso: "... sem rítmo, fora de tom, como é jurí, não vai me reprovar? o jurí é simpático, mas porém incompetente.."


Dependendo de quem nos julga é melhor ser condenado!


Mário Benedetti: "... de repente, tive consciência de que aquele momento, aquela fatia de cotidianidade, era o grau máximo de bem-estar, era a Ventura....Tenho certeza de que o ápice é um breve segundo, um clarão instatâneo, e não há direito a prorrogações..."


Viver cada dia, mastigar e sorver o cotidiano num instante improrrogável, valorizar a felicidade, digerir a contingência, com toda boniteza e feiúra que vierem. Seja no palácio, ou como disse Lucas Queiroz, com a muchila abraâmica nas costas. Mas, só um dia. Um projeto maior que isso é muito pesado.

Bolhas de sabão



Existe algo mais bonito e efêmero que bolhas de sabão?

gostava de brincar com elas quando criança,

fazia meu canudo com talo da folha de mamoeiro,

e minha alquimia saponácea numa latinha de leite em pó,

depois soprava meio que divinamente no extremo do canudo

esperando que a magia da bolha tomasse forma,

ela vinha colorida, era encantamento, o mistério brotava

em cores da ponta do canudo.

Hoje tento fazer minha bolhas com palavras,

elas ainda não têm a beleza daquelas bolhinhas de outrora,

mas, espero que um dia acerte a mistura alquímica das palavra

como criança acertei a das bolhas de sabão.

Quem sabe preciso tornar-me criança.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Boas Porções



Das minhas últimas leituras desejo compartinhar algumas boas porções com você.


Primeiro do húngaro Sándor Márai, no seu belo romance As Brasas ele diz:

"... Não esqueçamos que a amizade não é apenas um estado de espírito ideal, mas uma lei humana inflexível... o amigo pode ser morto, mas nem a morte consegue apagar a amizade nascida na infância: sua lembrança continua a viver na consciência dos homens como a de umato heróico...

"... Não tenho armas para contrapor à nossa época e ao mundo senão as da escrita.

Cortam-se os países em pedaços para depois os recontruirem de outra forma, violam-se os acordos, reduzem-se à escravidão gerações inteiras para se edificarem as pirâmides das novas quimeras, vão para os ares as pontes que uniam os espirítos...Porque resisto apesar de tudo? o que me infunde coragem, em que confio? A única coisa que me dá força é a fé na existência invunerável de um Espírito frio, límpido, autêntico, inflexível, que não pode ser negado impunemente, não se deixa falsificar, e sobreviverá demonstrando ser mais forte que todo o resto..."

"... No final, só tem importância o que fica em nosso coração.

E o que fica?, pergunta Konrad.

É esse o sentido da segunda pergunta, responde o general,

sem tirar a mão da maçaneta da porta. Ei-la: o que ganhamos com nosso

orgulho e nossa presunção?...""


Segundo do cearense, Milton Dias do livro Entre a boca da noite e a madrugada:

"Entre a boca da noite e a madrugada tudo aumenta - o amor, a paz, o sono, o sonho, o silêncio, o ódio, o mistério, o medo, a população."


Terceiro da Mineira Adélia Prado, do seu livro A duração de um Dia:

Harry Poter

"Quando era criança

escondia-me no galinheiro

hipinotizando as galinhas.

Alguma força se esvaia de mim,pois ficávamos tontas, eu e elas.

Ninguém percebia minha ausência,

o esforço de levantar-me pelas próprias orelhas,

tentando o maravilhoso.

Até hoje fico de tocaia

para ovinis,luzes misteriosas,

orar em línguas, ter o dom da cura.

Meu treinamento é ordenar palavras:

Sejam um poema, digo-lhes,

Não se comportem como, no galinheiro,

eu com as galinhas tontas."


Tanta beleza em tão poucas palavras!


Otacílio Pontes.