Das minhas últimas leituras desejo compartinhar algumas boas porções com você.
Primeiro do húngaro Sándor Márai, no seu belo romance As Brasas ele diz:
"... Não esqueçamos que a amizade não é apenas um estado de espírito ideal, mas uma lei humana inflexível... o amigo pode ser morto, mas nem a morte consegue apagar a amizade nascida na infância: sua lembrança continua a viver na consciência dos homens como a de umato heróico...
"... Não tenho armas para contrapor à nossa época e ao mundo senão as da escrita.
Cortam-se os países em pedaços para depois os recontruirem de outra forma, violam-se os acordos, reduzem-se à escravidão gerações inteiras para se edificarem as pirâmides das novas quimeras, vão para os ares as pontes que uniam os espirítos...Porque resisto apesar de tudo? o que me infunde coragem, em que confio? A única coisa que me dá força é a fé na existência invunerável de um Espírito frio, límpido, autêntico, inflexível, que não pode ser negado impunemente, não se deixa falsificar, e sobreviverá demonstrando ser mais forte que todo o resto..."
"... No final, só tem importância o que fica em nosso coração.
E o que fica?, pergunta Konrad.
É esse o sentido da segunda pergunta, responde o general,
sem tirar a mão da maçaneta da porta. Ei-la: o que ganhamos com nosso
orgulho e nossa presunção?...""
Segundo do cearense, Milton Dias do livro Entre a boca da noite e a madrugada:
"Entre a boca da noite e a madrugada tudo aumenta - o amor, a paz, o sono, o sonho, o silêncio, o ódio, o mistério, o medo, a população."
Terceiro da Mineira Adélia Prado, do seu livro A duração de um Dia:
Harry Poter
"Quando era criança
escondia-me no galinheiro
hipinotizando as galinhas.
Alguma força se esvaia de mim,pois ficávamos tontas, eu e elas.
Ninguém percebia minha ausência,
o esforço de levantar-me pelas próprias orelhas,
tentando o maravilhoso.
Até hoje fico de tocaia
para ovinis,luzes misteriosas,
orar em línguas, ter o dom da cura.
Meu treinamento é ordenar palavras:
Sejam um poema, digo-lhes,
Não se comportem como, no galinheiro,
eu com as galinhas tontas."
Tanta beleza em tão poucas palavras!
Otacílio Pontes.