segunda-feira, 21 de julho de 2008

PRAIA DO FUTURO


Praia do Futuro, já fostes praia no meu passado.

Hoje estou aqui para deixar algumas lágrimas em tuas águas.
Tu que sempre me deste tantas alegrias, usa teu poder para me reanimar...

Vejo tanta gente, crianças, homens e mulheres espraiados alegremente.
Uns vivendo , outros sobrevivendo. Vale a pena?
Responderia Pessoa: " tudo vale a pena se a alma não é pequena".

Quantas vezes em tuas águas me banharei.
Quantas em tuas areias caminharei.

Enche meus olhos com teus tons de verde
Enche-os do teu exuberante azul

Estimula minha imaginação com tuas nuvens
Faze tuas esculturas de mil formas.

Praia do Futuro, já me alegrastes no passado
Hoje choro em tuas águas
Quando te verei outra vez,
Usa teu poder para me reanimar.

Tu que humildemente lava meus pés
Banha minha alma também.



Otacílio Pontes

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Sonho Azul


Na época cantava-se táxi lunar, lembra? Pela tua cabeleira vermelha,
pelos raios desse sol, lilás....apenas apanhei na beira mar um táxi prá estação lunar...
Também cantávamos Mucuripe. As velas do mucuripe vão sair para pescar....Cantávamos
ovelha negra, bem que que me lembro a gente sentado alí......observando hipócritas, disfarsados...

Nessa época eu tinha uns 16 anos e lá em Fortaleza tinha um trem chamado Sonho Azul, ele partia da estação João Tomé, alí na praça da estação para o Recife, um pequeno percurso de 24 horas. Era uma aventura. Muchila nas costas com um destino, mas sem endereço.

Chegando ao Recife descobrimos a Casa do Estudante. Beleza hospedagem garantida, agora era explorar as belezas e encantos oferecidos pela Veneza brasileira.

Boa viagem, sem tubarão é claro! Olinda. As tertulias pernambucanas e as pernambucanas das tertulias.
Amigos, cabelo ao vento, alegria, sem muitos sonhos, vivíamos......

Só um sonho na cabeça, o Sonho Azul. Com suas paisagens nas janelas, com a gente humilde que subia e descia de estação em estação, quantas história naquele Sonho, quanta vida sertão a dentro.
Vida imperceptivel aos urbanóides. Quanta diversidade cultural. Quanta gente de alma bonita, alma brejeira, a vendedora de tapiocas, o vendedor de milho, o menino das laranjas descascadas
em espiral, a mocinha com seu vestido de chita, que gracinha que bonita. O cantador repentista,
o cheirinho de café...Na volta era a mesma festança......

Mas um dia, cheguei a estação e me disseram que não havia mais Sonho Azul, eu chorei. Eu acordei.

Hoje cantamos com o Lenine: a vida é tão rára, com o Djavan, Pétalas, com a filha da pimentinha
que tem Rita no nome.

Já não leio Meu pé de laranja lima e nem o Pequeno Príncipe. Mas encontrei Quixote e Patativa.
Já não tenho o Sonho Azul, quem me dera a loucura do profeta Gentileza.
Tenho que sonhar outros sonhos de outras cores e natureza.

Otacílio Pontes