E se.....

Hoje acordei com uma pergunta rondando minha cabeça: e se você tivesse apenas mais um ano de vida? Depois do susto da pergunta, passei a pensar em coisas que eu gostaria de fazer e que acontecessem na vida dos meus filho e das pessoas que amo.

É meio esquisito mas, a vida é tão imprevisível que um ano pode até ser muito tempo. Perdí amigos cheios de vida e sonhos, em acidentes e falhas no funcionamento das instituições corporais, explosões de artérias, rins preguiçosos, rebelião de tripas, células enlouquecidas gerando tumores, etc...

Diante disso, quero viver o tempo que me resta da melhor forma possível. Como sugere meu sobrenome, quero estabelecer pontes, pomares, jardins para neles brincar com meus amigos e família.

Quero me alimentar de mais poesia e menos filosofias, quero mais presença, mais contatos...

Quero pisar mais na areia da praia e me esbaldar no oceano...

Quero subir mais as montanhas e contemplar naquele laguinho aos pés da Mantiqueira...

Quero conversar com os passáros, especialmente os pardais, ontem um golinha invadiu minha sala e tomou café comigo, assustou-se quando minha companheira chegou e se foi...

Quero ouvir mais música, de preferência as boas, ouvir a filarmônica de Fortaleza executando Mozart, quero ouvir Maria Rita e quando tiver triste vou dançar embalado pelo Tim Maia e os Jorges - o Bem, o Seu, o Vercilo... vou amar ouvindo Ana Carolina e Chico...

Quero ler Guimarães, Alencar, Adélia, Nietzsche, Buber, os Alves - Castro e Rubens...

Quero tomar café com amigos, quero gritar gol do Fortaleza e do Fluminense...

Quero ver gente caminhando com Deus... o Mistérium Tremendum...

Quero ver amigos se encontrarem, pais e filhos se abraçarem, casais se enamorarem...

Quero ver o Verbo Encarnado na vida de seus seguidores, que os religiosos tornem-se mais amorosos, mais humanos e abandonem seus rancores, e sejam mais flexíveis pois é na religião onde o mal tem a cara mais feia...

Quero sorver a minha última gota de vida de olhos abertos contemplando o céu azul, um crepúsculo, algumas estrelas e se tiver sorte a lua cheia...

Gostaria de ser uma boa recordação para aqueles que lembrarem de mim...

Um abração para você....

Otacilio Pontes.

Abalos

Jeremias o profeta, em suas lamentações depois de profetizar por quarenta anos.

Vê coisas terríveis e diz: "eu sou o homem que viu a dor de perto".

Quanta dor temos passado. Nem sepultamos nossos mortos das fortes chuvas na região serrana do Rio, nem superamos os estragos do terremoto do Haiti, temos outra tragédia para lamentar.

Agora é o Japão mais de 15 mil mortos, sem contar com as consequências por vir das explosões das usinas nucleares. Não imaginamos os desdobramentos com diria o autor da teoria da complexidade: "o bater das asas de uma borboleta no Canadá pode trazer desdobramentos em outros países".

O sábio está certo ao dizer "o que sucede ao pobre, sucede também ao rico,... vaidadde, bolhas de sabão ao vento, tudo é vaidade..." Embora as consequências sejam diferentes, mas o princípio é verdadeiro. Haiti x Japão, fome, frio, medo... Rio x Austrália, desolação, tristeza, medo... eu tenho medo do medo das autoridades, o medo não divulgado na mídia, o medo liberado em doses homeopáticas para ver se doe menos, para ver se enfeitiça os cosumistas a continuar no seu impulso frenético.

Preparemo-nos para os próximos abalos. Nessa sociedade globalizada nós somos as pessoas que vemos a dor, o sofrimento e as mais variadas crises de perto. Espero que elas não nos deixem anestesiados com o anestésico da indiferença.

Um abraço solidário!