quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Voação


Estava a voar,

quando subitamente um sumo amarelo

de aroma e sabor cítricos pousou em

minhas mãos.

Cubos de gelo a boiar e bolhas na surpefície,

me remeteram à infância,

Lá em cima da torre da igreja Cristo Rei.

De lá, deitado, eu via nas nuvens: carneirinhos,

cavalos e vários outros bichinhos.

Via gente feliz e gente triste. Umas pessoinhas gordas

outras bem magrinhas.

Quando eu descia da torre, corração em taquicardia,

adrenalina a milhão, eu era a criança mais feliz do planeta.

cheio de aventuras para contar aos meus pares, que de olhos arregalados,

contavam-me também suas peripécias.


Mergulhado nesse sumo, quase me afoguei.

Não fôra a respiração boca-a-boca ressuscitante da mulher que amo.

Essa boca que me salvou tantas vezes;

Essa sotereologia maravilhosa e tão humana,

Que não cabe em manuais, mas apenas no afeto com que me afetas:

Os afetos dos amantes.


Os teus beijos me salvam, me dá vontade de viver,

me dá vontade de ter vontade,

me dá vontade de você.


Para Salete!


Vôo entre São Paulo e Fortaleza,

12/13 de Julho de 2010.


Otacílio Pontes.

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